(ENEM PPL - 2020)
Álvaro, me adiciona
“Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.” Espanta que Álvaro de Campos tenha dito isso antes do advento das redes sociais. O heterônimo parece estar falando da minha timeline: “Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo?”.
Humblebrag é uma palavra que faz falta em português. Composta pela junção das palavras humble (humilde) e brag (gabar-se), seria algo como a gabação modesta. Em vez de simplesmente gabar-se: “Ganhei um prêmio de melhor ator no Festival de Gramado”, você diz: “O Festival de Gramado está muito decadente. Para vocês terem uma ideia, me deram um prêmio de melhor ator.”
Atenção: se todo post é vaidoso, toda coluna também. Percebam o uso de palavras em inglês, a citação a Fernando Pessoa. Tudo o que eu mais quero é que vocês me achem o máximo. “Então sou só eu que sou vil e errôneo nessa terra?”. Não, Álvaro. Me adiciona.
DUVIVIER, G. Caviar é uma ova. São Paulo: Cia. das Letras, 2016 (adaptado).
O texto traz uma crítica ao uso que as pessoas fazem da linguagem nas redes sociais. Qual passagem exemplifica linguisticamente essa crítica?
“‘Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo’.”
“O heterônimo parece estar falando da minha timeline: ‘Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo?’”.
“Humblebrag é uma palavra que faz falta em português. Composta pela junção das palavras humble (humilde) e brag (gabar-se), seria algo como a gabação modesta.”
“‘O Festival de Gramado está muito decadente. Para vocês terem uma ideia, me deram um prêmio de melhor ator’.”
“Tudo o que eu mais quero é que vocês me achem o máximo. ‘Então sou só eu que sou vil e errôneo nessa terra?’. Não, Álvaro. Me adiciona.”